
Reavivar o anúncio da Palavra de Deus hoje
O esfriamento da fé e a liquidez com que se leva a vida cristã requerem um estímulo pastoral para “reavivar o anúncio e o testemunho da palavra de Deus hoje” como se propõe para o lema da IVª Assembleia Nacional de Pastoral (2021-2023).
De facto, o mundo globalizado, o encontro e fusão de várias culturas, os desafios do mundo digital e o das seitas religiosas, o diálogo entre a fé e a cultura e outros factores adversos exigem da Igreja, em Moçambique, Reavivar o anúncio da Palavra de Deus hoje.
É um dado inegável que muitas pessoas, actualmente, vivem equivocadas. A crescente proliferação de igrejas e pessoas com Bíblia nas mãos, o índice crescente do mal e contra-testemunho de cristãos de vida dupla, as guerras que não acabam, a fome, a miséria e as injustiças alimentam o ateísmo e desinteresse pela religião, pela oração e pela vida de fé.
A Igreja em Moçambique conhece uma história de mais de 5 séculos de presença. Apesar disso, a palavra de Deus não está enraizada na vida das pessoas. Teoricamente ela existe, mas falta traduzi-la na vida de cada dia. Assim, o desencontro entre a Palavra de Deus e o agir quotidiano desalinham o compromisso cristão e o testemunho da fé.
Face a esta realidade, urge fazer “uma experiência de Escuta, Discernimento e Comunhão Eclesial que coloque todo o Povo de Deus (fiéis católicos) a exprimir o que as Comunidades Cristãs e os Católicos dispersos vivem em todo o Moçambique. A partir daí, inspirados pelas soluções que o Espírito Santo suscitar no meio dos crentes, toda a Igreja Católica em Moçambique traça rumos de acção comum para uma pastoral de conjunto. Trata-se de, juntos, como Igreja Família de Deus, elaborar linhas pastorais comuns, amadurecidas durante todo o caminho de preparação da IVª Assembleia Nacional de Pastoral”, (Lineamenta, p. 7).
É da acção conjunta que resultará a união de forças e ideias para o fortalecimento da pastoral inteira, na certeza que o fruto dessa experiência poderá traçar linhas actuais para os cristãos e à luz da realidade que se vive nos nossos tempos.
Precisamos, portanto, de reavivar o anúncio, o testemunho, o agir, o pensar, o comportamento, as atitudes, os procedimentos, as técnicas pastorais de formação cristã e catequese; reavivar todas dimensões da vida cristã para a formação integral do homem de hoje. Só assim responderemos com tenacidade a exortação do Apóstolo São Paulo a Timóteo: “Por isso recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos, pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de bom senso. Portanto, não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus” (2Tim 1,6-8).
Que o caminho de preparação da IVª Assembleia Nacional de Pastoral seja assumido por todos os cristãos e encarado com espírito de fé. Na certeza de um mundo mais humano e cada vez mais fraterno, como Igreja em saída e da visitação, aspiramos que os frutos desta acção se alinhem “as anteriores Assembleias Pastorais procurando responder aos desafios pastorais do tempo actual”.