A PARÁBOLA DO PATRÃO MAIS POBRE DO QUE O SEU EMPREGADO
A PARÁBOLA DO PATRÃO MAIS POBRE DO QUE O SEU EMPREGADO
Por: Oreste Muatuca
Numa certa cidade deste planeta, vivia um senhor que tinha muitos filhos, muitos parentes e, igualmente, muitos bens para gerir. Vendo que sozinho não dava conta de tudo, abriu um concurso para admitir várias pessoas qualificadas para ocuparem certas vagas, de acordo com as necessidades que o patrão identificara.
Abriu-se o concurso e os concorrentes começaram a entregar as suas cartas de manifestação de interesse e os seus currículos. Marcou-se o dia da entrevistae o patrão confiou algumas pessoas para o representar, com o intuito de encontrar, dentre os concorrentes, aqueles que melhores qualidades apresentavam para ocupar as vagas existentes.
Não se sabe ao certo que medidas ou critérios os membros do júri daquela sessão de entrevista usaram para a seleção dos concorrentes. Mas o patrão recomendara que a seleção devia ser feita com base nas competências, idoneidade, honestidade, sentido de responsabilidade, entre outros valores. O que se sabe é que, depois daquela sessão de entrevista, os membros do júri apresentaram um conjunto de candidatos apurados, cada um com a proposta de vaga a ocupar. O cargo mais importante era o de Gestor Geral.
As responsabilidades, sobretudo do Gestor Geral, eram de coordenar todas as atividades desenvolvidas por outros empregados com vista a providenciar melhores condições de vida para o patrão e para os seus filhos, aumentar a sua riqueza e elevar o seu nome para patamares invejáveis. Aquele patrão alertara, também, que não queria gestores arrogantes, egoístas, desonestos, nepotistas, trogloditas, pechinchas ou gananciosos como os que acabava de demitir.
Face a estas recomendações, no dia de tomada de posse para os diversos cargos daquela empresa, cada empregado devia prestar um juramento, no qual se comprometia em trabalhar abnegadamente, sem poupar energias, para o bem do seu patrão e de todos os que dele dependessem.
Houve então essa linda cerimónia de juramento. O Gestor Geral jurou honestidade, idoneidade, responsabilidade, entrega e abnegação no trabalho. Jurou ética, moral e justiça. Disse que só pensava no seu patrão e nas suas necessidades. Jurou cumprir e fazer cumprir as regras daquela empresa; prometeu que o patrão, os seus filhos e bens seriam bem protegidos de todas as pragas, ladrões ou salteadores. Disse que apenas na sua cabeça cabia a Paz e tranquilidade do seu patrão e tudo faria para não o decepcionar. O patrão aplaudiu, alegrou-se, dançou, festejou.
Mas o drama começou…
Depois de um ano de gestão o drama começou. O patrão começou a perceber que os seus empregados viajavam sempre em aviões de primeira classe e em helicópteros, comprovam para si carros de luxo, comida para verdadeiros banquetes, roupa de qualidade, ao mesmo tempo que o patrão nem pão tinha. Caiu de três refeições por dia para uma única.
Quando ele ou um dos filhos quisesse andar de carro, ou não havia combustível ou este era-lhe arrancado por salteadores. Começaram a vir na empresa pessoas de longe para exigir pagamento de dívidas contraídas pela empresa, aliás, contraídas por pessoas singulares, em nome da empresa. As dívidas eram em valores que, mesmo vendendo aquela empresa, não chegavam para saldá-las salvo vendendo o próprio patrão e seus filhos e parentes.
O Gestor Geral e os colaboradores disseram ao patrão que realmente havia aquela dívida, mas que tinha sido contraída antigamente em nome da empresapara beneficio pessoal dos antigos gestores. Os novos gestores obrigaram o patrão a pagar aquela dívida pois não podiam responsabilizar as pessoas que a contraíram em virtude de que estes tinham sido recomendados para os cargos que ocupavam pelos mesmos antigos gestores e, por isso, deviam-lhes“favores”. Ou seja, os novos gestores pertenciam à mesma tribo dos gestores antigos e também eles iriam continuar os mesmos saques dos predecessores.
Hoje, o patrão não pode mais circular livremente, porque se o fizer será perseguido e morto por indivíduos que dizem ter problemas com os gestores, mas caçam apenas o patrão, os seus filhos e os poucos bens que continuam em sua posse. O patrão ficou na miséria plena e está condenado à dor e à morte.
Então alguém me responde, quem é “o patrão”daquela parábola?